segunda-feira, 28 de maio de 2012

a dois, há dois.

deixar-se estar em par
não se trata de esquecer de si mesmo
de abandonar-se às margens de quem se foi
de despir-se de vontades e de sonhos.
mas quem cresce junto
também sabe crescer sozinho.
descarta os excessos
joga fora o que fere, o que dói
cultiva sorrisos em si
e nos outros.

deixar-se estar em par
é abrir a porta da frente
não só a brecha da janela
não só afastar as cortinas.
é se deixar cuidar
e querer fazê-lo também.
é se deixar tocar bem lá no fundo
sem capa, sem proteção.
não só o toque da pele
mas mostrar o que se tem por dentro
a alma inteiramente nua.

deixar-se estar em par
é exercício de grandeza e humildade
é mistura bem adoçada, agitada
às vezes passa do ponto
mas a gente ajeita.
também é saber consertar
que nada é perfeito
e nem é pra ser.
a gente precisa falhar
pra poder aprender.

deixar-se estar em par
dá trabalho, mas prazer.
e é bonito, tão bonito
quando no fim do dia
na hora do descanso
dá pra ver o sorriso
que a gente lutou pra conseguir.
ou que até, sem fazer nada
ganhou de presente.
porque estar em par
é querer se doar.

deixar-se estar em par
é quase arte.
mas belo mesmo
é depois de tanto tempo
deixar-se ficar.

estar em par
é estar a dois
querendo estar dentro
de somente um.

somos dois
a dois
há dois

e eu, somente à um:
você.



feliz dois anos de nós dois. te amo.

3 comentários:

Stella Rodrigues disse...

O que completa é o que se unifica. Lindo.

Gabriela Castro disse...

"(...) mas quem cresce junto
também sabe crescer sozinho."

Adorei o texto. Parabéns :)

Ana Andreolli disse...

e junção mais bonita caberia no poema?