terça-feira, 9 de junho de 2009

No fim do dia..

Ela estava deitada no chão, admirava a paisagem. No céu havia nuvens branquinhas, pareciam ser mesmo de algodão – e ela preferia acreditar que eram –, elas formavam desenhos engraçados em um céu mais azul que o próprio azul.

O vento balançava levemente seus cabelos de breu; as gotas falsas de chuva molhavam seus lábios de sangue; sua pele, macia como as nuvens que ela observava, estremecia facilmente.

Rápidas piscadelas transformavam-se em séculos e mais séculos na escuridão, o interno e o externo juntavam-se, tornavam-se um só, e refletiam no rosto de uma garota. Tão pequena ela era, mas seu coração guardava uma vida inteira.

Todos os sentimentos vinham à tona num movimento repentino, num ritmo rápido demais. O sorriso era surpresa, que também era calmaria e medo ao mesmo tempo. Um muro se formava entre o corpo e a alma, camada grossa separando o confuso do normal demais. Talvez devesse agradecer pela presença daquela barreira.

Neutra, indiferente. Palavras podem ser desnecessárias, afinal. Mas era movido pelo sentimento, pelo ritmo em que desaparecia o sofrimento. Não havia mais nada que a separasse de seu eixo. Seus pés firmados em um só chão, seus olhos adormecidos em uma única direção.


Olhos indecifráveis aqueles...


Não existe final para aqueles que assim acreditam. Você constrói a sua própria realidade. O mundo que você inventa é só seu. Mude-o, enriqueça-o não só do material, mas também do ar puro, do sentimento, do simples, do especial, do eterno.

E, no fim do dia, sinta-se livre para modelar as nuvens, deitada no chão...


mariana andrade*

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