domingo, 21 de junho de 2009

Desisti do imaginário;

Afogada em lembranças inúteis eu resolvi fugir. Da ultima vez eu havia escondido a chave embaixo do colchão. Um lugar meio óbvio comparado aos outros - como dentro de um sapato velho, e também teve aquela vez no ralo do banheiro..mas isso não importa -, mas eu estava com pressa. Quase não consigo tirar os lençois que eram cuidadosamente presos nos cantos do colchão. Minhas mãos tremiam demais para fazer alguma coisa com perfeição. Após dez minutos de busca insaciável e com uma gota de suor escorrendo por minha testa, eu finalmente a encontrei.
Quando desenhei aquela chave, queria que fosse diferente de qualquer outra. Peguei um pedaço de cartolina e borrifei diversas cores de tinta nela. Não gostei muito do resultado, mas talvez tenha sido só o primeiro impacto. Cortei algumas formas irregulares e consegui algo parecido com uma chave. Passei a usá-la para abrir as portas do meu esconderijo.
Dirigi-me para a janela com a chave nas mãos, ainda estava de pijama, mas não importava, apenas eu podia entrar lá. Era provar da mais pura e verdadeira privacidade. Subi no batente e senti o vento jogar meus cabelos sobre meus olhos. Isso sempre acontecia, e me deixava com tanta raiva..
Respirei fundo ao me pegar pensando nessa palavra. Raiva. Eu tenho raiva de tudo, afinal. Criei o mundinho pra isso. Pra fugir do que é real. Fugir da minha própria vida. Talvez seja esse o motivo da minha visivel infantilidade. Quer saber? Apertei com força aquele pedaço de cartolina que costumava chamar de chave. Ela foi rasgando aos poucos, então eu polui a rua com seus restos mortais. Estranho eu não ter me preocupado em ser politicamente correta, mas enfim, talvez muitas coisas tenham mudado dentro de mim.
Voltei pra cama correndo, talvez voando, me joguei na montanha de lençois e tornei a dormir. Não lembro detalhes, mas o sonho que tive foi tão bom...

mariana andrade*

Um comentário:

Márcia disse...

não vim elogiar o texto porque eu fiquei com priguisa de ler ok, mas amei teu blog feia *-*'