sexta-feira, 9 de novembro de 2012

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Eu gosto de olhar nos olhos dele, porque sei que não dura muito tempo. Logo vem uma timidez quase-aparente que apenas eu quase não conheço. As bochechas coradas são mais frequentes da minha parte, mas aprendi como provocá-las. Por isso brinco de tirar o sorriso faceiro do rosto e de pregar outro com um pingo de vergonha no lugar. É bom, percebi. E repito o processo várias vezes. Sei que ele deixa, e talvez até goste desse jogo que sempre pede uma revanche. Quando ele levanta o olhar, o processo se inverte. Ele sabe falar e calar, beijar e empurrar, querer e não querer. E me dá vontade de narrar todos os movimentos que ele faz com as mãos, e braços, e pernas e alma. Todo o menor sinal de deslocamento pra esquerda ou pra direita, todas as vezes que o querer dele me toca e me conduz. A gente aprendeu junto a ser plural, como naquele primeiro contato, naqueles primeiros dias daquele primeiro mês. Já há algumas páginas que o escrevi pela primeira vez, hoje me lembrei. Li a sua essência, que se misturava comigo de um jeito assustador: surpresa, nascíamos. Quando ele lembra, sorri satisfeito e me beija de novo, com mais cor, som e poesia. Quando ele lê, sempre diz: "você é tão linda...", e, de tão singelo, me entrego. É simples ser par quando o outro lado tem uma essência gostosa como a dele. É bom descobrir os detalhes do que é raridade. E de tanto desvendá-lo, e de tanto tempo durar em seu peito, não há dúvidas: felicidade é ter o outro pra morar.

4 comentários:

Adriana Ribeiro disse...

P-E-R-F-E-I-T-O!!!

Ana Andreolli disse...

ai que coisa linda de se ler, to nessa vibe , amando os olhos dele.

Anônimo disse...

Clavo mi remo en el agua
Llevo tu remo en el mío
Creo que he visto una luz
al otro lado del río

El día le irá pudiendo
poco a poco al frío
Creo que he visto una luz
al otro lado del río

Entre les lettres je cache pour vous
2-49

Mariana Andrade disse...

Ao anônimo: pareeeee, sou curiosa