quinta-feira, 18 de outubro de 2012


sinto que enquanto as horas passam
e o tempo desacelera o que fora antes construído
escrito, cantado, sonhado
seja lá qual forma de arte ou de amor
minh'alma tenha sido capaz de externar,
a gente desfalece numa cama de cinzas
cada trago desse inferno que nos invade
afeta todos os órgãos de nossos corpos.
e a chama que queima agora,
nos últimos dias, horas
ou séculos de lágrima,
arde como quem quer destruir
o que ainda é sólido, concreto.
tudo o que dá pra tocar
vira pó.
tudo o que dá pra sentir
vira passado.
que direi a quem nos viu antes?
que direi aos que notaram que
duas almas podem dar tão certo,
mas tão certo,
que acabam fundindo-se num
emaranhado de carícias secretas,
num universo de paixão?
que direi à metade de mim que clama por mais
de ti, de nós
ah, que bom é atar nós!
o laço é frágil, frouxo, falho.
eu quero é apertar teu peito contra o meu
tua vida contra a minha.
eu quero é te misturar no meu sorriso
no meu cheiro, no meu gosto
nas minhas vontades
seguras ou não.
eu quero aparições tuas nos meus sonhos.
eu
quero
te tocar
por fora e por dentro.
se eu alcanço a tua face mais interna
se eu arranco o teu sorriso mais escondido
se eu provoco arrepios
o que se forma em lugares além do externo perfeitamente visível,
perfeitamente palpável,
é uma aliança inquebrável:
saudade, esperança e amor.

e se a gente aguenta o tic-tac:
até
sempre.


(Em 12/10/12)

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