sábado, 24 de abril de 2010

Do que somos ( e do que podemos ser).

Eu não consigo calar-me. Tenho ainda mil entrelinhas a rever de mim. Mil coisas a decifrar, e calada as saberia melhor. Mas não calo-me. Não calo-me porque o falar traz consigo o querer, ao menos em mim.
Repito.
Repito-me.
Corro o risco de fazer de mim rotina.
Prossigo, porém.
Correndo o risco.
Correndo.
Arrisco.
Eu mesma desapareço-me. Horas e horas poderiam passar diante dos meus olhos sem que eu fosse capaz de sentí-las. Desapareço-me em mim mesma. Penso, portanto, que algo aqui dentro é maior do que eu suporto. Maior e cheio de curvas e subidas íngremes. Empurro-me eu mesma para baixo, achando não conseguir ser mais.
Eu acho coisas em demasia, é este o caso. Eu me crio sem limites. Criada, entretanto, eu já havia sido. E limitada. Barreiras de mim mesma, às vezes, eu quero derrubar sem antes pensar em todo o estrago que elas farão aqui em meu interior Os gritos internos eu correrei o risco de externar.
E eu tenho medo.
Eu, sem perceber,  temo muitas coisas. Temo principalmente aquelas que parecem mais simples para você. Mas simples sei que não são. É que alguns de nós  percebemos a grandeza escondida em coisas que aparentam ser poucas. Outros de nós, não.
Eu posso ser primeira, segunda e terceira pessoa ao mesmo tempo. Eu sou plural interminável. Não sou plural daqueles passageiros, que mesmo que a gente jure sustentar por um tempo longo, nomeado "pra sempre", acabam indo embora antes que percebamos.
Eu não demoro tanto assim a perceber.
E, se você quiser saber,
eu sou, por vezes, em excesso.
Mas pelo menos não mais finjo.
Eu sou.

E, você, querido, é bem mais.
creia.

mariana andrade* 

Uma pequena homenagem, Emannu, que não chega nem perto do que podes ser.
Só nós sabemos, porque somos quase iguais (:
Um beijo.

16 comentários:

emannu disse...

sinceramente isso aqui é apaixonante, o blog, e você. Quando te vejo, vejo a mim mesmo e sei que a recíproca é quase que verdadeira. Realmente isso representa, tanto o que sou, quanto o que aparento ser, mas só preciso te dizer um obrigado. Ontem aprendi a me ver um pouco melhor, realmente a preciosidade da pessoalidade de cada um de nós deve ser exposta, sem medo, mesmo imcompreendido. Basta ser verdadeiro.

Mariah disse...

seus textos são lindos *-*

Juliana Dias disse...

Lindo texto. É uns dos textos que leio e penso "gostaria de ter escrito".

PARABÉNS.

GRANDE BEIJO!

Gabriela Marques de Omena disse...

Medo de quê? Arrisque. Nunca se cale.

Preciso dizer mais algo? Sabes que sou tua fã, fã daqui, de teus versos, de teus escritos.
Um beijo.

Gabriela Andrade V disse...

Que lindo! Somos plural, mil gentes em nós mesmos. Percamos, pois, o medo. Super doce. Um beijo!

Mario Gioto disse...

a introspecção é importante.. espero que seja tranquilo, que te faça melhor.. e mais forte..

bons desejos para ti querida. gostei de passar por aqui ^^

beijo na testa para fechar os olhos

CL disse...

Humanos e sua incansável busca pela definição ao mesmo tempo em que se encantam pelo que não é definido ainda.

Anônimo disse...

Desaparecermos em nós mesmos...Deixarmos de ser durante alguns instantes. Sermos sem saber que e o quê somos. Eu faço isso constantemente. É um vício não me ser.

Adorei aqui *__*
Um beijo e obrigada pela visita!

Priscila Rôde disse...

Que texto mais lindo, Mari.
"Eu sou plural interminável. Não sou plural daqueles passageiros, que mesmo que a gente jure sustentar por um tempo longo, nomeado "pra sempre", acabam indo embora antes que percebamos."

Me identifiquei, querida.

Lindo.

Nívea Flor disse...

haha um absurdo vc escrever assim menina! Deixa todo mundo louco.
Eh uma pequena homenagem, mas sinto sinceridade e nobreza.
Sincera essa amizade e nobre esse teu jeito de ser plural interminável.


gosto muito
beijos

Stella Rodrigues disse...

Cada vez mais impressionada com seu jeito de escrever, a pessoa que te inspirou a escrever esse foi muito bem homenageada :) Maravilhoso.

night-night, friends. disse...

texto bacana, mas confesso que travei no 'não calo-me'... 'não me calo', viste? ehuaehaea não exagera no formalismo. beijocas.

Ariane Figueira disse...

Definivamente, eu não consigo entender como você escrever textos assim, tão belos !
arrisque-se, seja o mais, seja em excesso, mas seja !
Quanto tempo não vinha aqui D:
bjs

Gislaine Fernandes disse...

Seu post está lindo! O blog tbm!! CARA NOVA!!!
beijos

Maria Midlej disse...

Eita saudade que eu tava de ler voce assim, leve..

muito lindo, muito lindo.
Me vi aqui
''Repito.
Repito-me.
Corro o risco de fazer de mim rotina.
Prossigo, porém.
Correndo o risco.
Correndo.
Arrisco''

E, devo confessar, me vejo muuuuuuito em você. rs

beijos, Linda.

Anônimo disse...

me perdi aqui.. e isso é bom, muito bom! gostei das formas que toma e da imagem que vem quando penso em como foi escrito

:*