sábado, 28 de novembro de 2009

paladar.


E a língua sentiu
primeiro o doce
era só mel
escorrendo não apenas pela boca
mas pelo corpo todo
fora e dentro
de dentro pra fora.
tornando-se mais que gosto
foi som também
e foi sensação.
estranha sensação.
foi salgada, então
pois já havia demais na fórmula
o gosto mudou
de uma hora pra outra
começou de um jeito,
terminou de outro.
não, não terminou.
ainda teve mais.
veio também o azedo.
um gostinho meio cítrico,
que não cheirava limão.
não tinha cheiro, na verdade.
indefinido, como sempre.
então trocou de forma, novamente.
chegou a hora.
amargo.
muito amargo.
fazia os olhos revirarem-se.
e boca ficar cheia de tensão.
sem atenção.
nem distinção.
só pressionada.
contra os dentes.
lábios sangrando.
pingando vermelho no chão.
que acabara de ser limpo.
pena.
que pena.
mas é assim.
não espere respeito de tal substância.
respeite-a você.
que é feito dela.
respeite seu gostos.
e suas mudanças.
respeite seus rostos,
a sua idade,
suas andanças.
porque você
é apenas um misto deles.
delas.
de tudo.
você é a experiência.
por vezes, sem sucesso.
agora, diga-me, funcionou?
ou nada vale?

mariana andrade*

21 comentários:

Felicidade Clandestina. disse...

Lindo lindo :*

como sempre tu arrasas .

Muito boa a construção das palavras e a foto que usaste..
Bj

Rene Serafim - "Juninho" disse...

Não é atoa que você carrega esse sobrenome.

Daiana Costa disse...

As vezes, o ressentimento fica tão grande, que arrependo-me de ter provado aquele gosto.

Detesto esta reação, mas fica assim, melhoramos com o passar.

Beijos

Sueli Maia (Mai) disse...

CARAMBA!
sinestesia pura.
e sabe do mais você poetisa ficção e horror e isto é bárbaro. Começamos a leitura e ficamos imantados para um final fantasmagórico porque a sensação vem na boca mesmo.

Incrível.
Me deu ânsia mas digo-te Belíssimo o que você conseguiu com a sua poesia.

ADOREI!
Pura palavra, puro sentido.

Beijos e bom domingo.

Natália Corrêa disse...

A vida é isso mesmo...
uma degustação interminável.
às vezes o gosto é bom
às vezes não...

Maryama* disse...

Quantas sensações!
Adorei :)

Érica Ferro disse...

Cacete!

A cada dia me surpreendes mais, menina!

Muito bom esse texto aí, ó.
Adorei mesmo.

A vida é uma mistura de gostos e desgostos.
Azedo, doce, quente, frio e...
MUITOS!

Andas intensa, hein?

Tô adorando isso, menina-poeta.

P.s: E os teus comentários, hein? Pura poesia também.
Revoltar-se é o que há!

› daniela.avila ♥ disse...

muito complexo, profundo e verdadeiro seu texto telepata.
beijos.

Mariah disse...

Lindo poema!
mas que nervoso dessa foto, hein?

beijos

Tay disse...

Muito perfeito !!
Adorei seu blog floor,
to seguindo !!

bjus ;*

Anônimo disse...

Lindo seu texto!
acho q isso faz parte da vida né?!
beijos

Clara disse...

Muitos gostariam que ELA tivesse apenas o gosto doce das vitórias e realizações. Mas, (In)Felizmente é meio difícil prever o que a vida nos reserva. O jeito é se arriscar a sentir o amargo na língua que, afinal, é muito melhor do que o gosto adstringente da 'covardia'.

francis disse...

você é a experiência.
por vezes, sem sucesso.


não sei fazer comentários. mas, bem... eu gostei. é um comentário, certo?

Larissa disse...

Sem ter o que dizer. Gostei muito da foto e vi que tem tudo a ver com teu post. Seu jeito de escrever, é lindo :)

No decorrer dos dias, eu vou continuar postando poemas do Ferreira Gullar. São ótimos *-*

Beeeeeeeeeijos :*

Larissa disse...

Tem selo pra você no meu blog, querida *-*

Fernanda disse...

que lindo seus poemas são uma aquerela cheio de sabores...

@juusep disse...

poemas são palavras da alma.
beijo

Anônimo disse...

meu deus, eu adoro esse blog *-*

Camila disse...

muito bem escrito :)

D. Rodriguez disse...

Se funcionou? Não sei. Sei que gostei!

Unknown disse...

tu estás seriamente roubando os títulos dos meu escritos... aheuheuaehaeuhaeu