domingo, 14 de junho de 2009

No fim da rua;

Já passava do meio-dia e eu ainda não havia me levantado. Não estava cansado, nem pensando em algo importante. Eu só estava lá. Deitado. Estava jogado no meio da calçada. Pessoas olhavam pra mim a todo instante. Tinha tanta gente e eu ainda me sentia só..

Não lembrava bem do que tinha acontecido na noite passada. Na realidade, não me lembrava bem de nada. Restavam apenas alguns flashbacks em minha mente, e eles vinham a cada segundo, não obedeciam ao meu comando. Pedi muitas vezes ao céus pra que minha mente continuasse vazia, mas essas coisas raramente acontecem.

Um dos flashs permaneceu em minha memória por mais tempo. Eu corria mais rápido do que nunca, havia cinco ou seis homens atrás de mim, estava tudo meio acizentado, eu não conseguia distinguir bem as cores do céu. Eu havia chegado aqui há apenas 15 minutos, não conhecia a cidade tão bem como gostaria. Estava perdido. E não tinha idéia de onde havia um esconderijo.

Quando meu fôlego já estava no fim avistei uma ruela. Não era asfaltada, as casas eram feitas com estacas de madeira não muito seguras, mas não havia outro jeito. Eu estava desesperado. Entrei na rua estranha, os homens ainda me seguiam em uma velocidade absurda. Como eles conseguiam correr assim? Ou era eu que estava lento demais?

Foi quando percebi que eu estava num beco; um beco sem saída. Não havia lugar para se esconder, não havia pra onde fugir. Eu cheguei no fim da rua, e só havia um muro. Encostei-me nele. E esperei.


Hoje em dia pessoas morrem apenas com seus pensamentos inuteis...


mariana andrade*

Nenhum comentário: