quinta-feira, 16 de julho de 2009

Transplantando almas.

O homem exasperado, desesperado. Feria-se sozinho, renegava-se a si mesmo. Entristecido por sua própria aflição, sacrificado pela dor cada vez mais forte no peito. Era dessa forma, então: doía, corria e parava de uma vez por todas. Descanso, afinal.
Oh coração, o tão esperado coração alheio. Lhe fora doado por quem nem ao menos o conhecia. "Como podia alguém desistir da própria vida por um desconhecido?", perguntava-se de vez em quando. Mal sabia ele que a vida do tal doador havia desaparecido alguns dias atrás. Ou sabia, mas continuava mentindo, tinha uma reputação a zelar.
A alma chorava, mas o rosto ainda guardava um sorriso meio boçal, meio sarcástico. Ora, ao meu ver, não seria uma troca de órgãos que resolveria seus problemas. Havia uma coisa, bem lá no fundo, que continuava doente.
Sim, de que adiantaram horas de cirúrgia, procedimentos avançadissimos, médicos por todos os lados, se a essência continuava dura como pedra.
Saiu do hospital então, eu diria que curado por fora, mas morto por dentro.

mariana andrade*

2 comentários:

night-night, friends. disse...

TU VISTE GREY'S escrevendo isso, selado.

Mariana Andrade. disse...

não vi, mas tava me lembrando do episódio aheuahe. te amo brotha(bróda)
;*