segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Metaforizando saudade (como sempre)


quis ser cachoeira, escorrendo eufórica, melódica
acelerando agitada e perigosa
me derretendo, me evaporando.
me descobri caindo em mim,
rio de umas paixões antigas
me fazendo urgência,
clemência abalada,
surdez mal intencionada.
era o inverno chegando.
aqui faz sol o ano todo
e só chove quando começa o outro.
deveria lavar, mas esburaca.
e as vidas escorrem eufóricas, melódicas
acelerando agitadas e perigosas
nessas ruas que não se pode mais andar
a não ser à pés
(protegidos, não descalços.
nas minhas descargas de desejos latentes,
ainda caio eletrocutada por aí).
se tem calor, queima
se tem frio, as vidas se cobrem.
um acalanto industrial
que protege a pele sem arrepio,
que não tira o vazio.
culpa dessa rima pobre,
dessa boca seca,
dessa pressa amarga,
da parede limpa
e das costas descascadas.
sem alguém pra me arranhar, pra me acabar
pra me fazer trocar de capa,
pra me afagar,
pra me entender,
pra me viver.

pra fazer eu parar de tentar rimar.


what falls on the side of my soul?



3 comentários:

Nara Sales disse...

Maravilhoso como sempre é vir aqui te ler. Tive que ler com urgência, latente.

Beijos, Mari.

Nara Sales disse...

Maravilhoso como sempre é vir aqui te ler. Tive que ler com urgência, latente.

Beijos, Mari.

Stella disse...

Nossa! Profundo, assisti um musical hoje que o romantico é aquele que sente prazer em sofrer por amor. Se não fosse assim, ele não escreveria. E é verdade. Agradeça aquele que não te deixa parar de rimas, porque nessas rimas se encontram o que eu preciso e gosto de ler.